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O hábito de beber é “hereditário” para metade dos adolescentes da capital que já estão com início de dependência alcoólica, mostra pesquisa realizada com 512 meninos e meninas de 12 a 17 anos. E a relação familiar com a bebida não é explicada só pela genética.
“Muitas vezes, o modelo que o garoto tem em casa é o determinante para o comportamento. O espelho, às vezes, fala mais alto que os genes”, afirma a autora da pesquisa Luizemir Lago, diretora do Centro Estadual de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), onde o estudo foi conduzido.
A pesquisa, foi feita com pacientes atendidos na instituição e constatou que 256 deles têm pais ou parentes próximos que bebem. “Ainda que o fator genético seja influente e precise ser levado em consideração, não é o que garante a dependência”, lembra Luizemir. “Se em casa há a associação positiva ao álcool, como o pai que chega nervoso e fica aliviado após beber o uísque, isso induz na postura dos filhos.”
A idade para os adolescentes começarem a beber, segundo o levantamento, é aos 13 anos – idade relatada por 22% dos entrevistados. Não é a única publicação que alerta para a iniciação precoce no mundo do alcoolismo.
Enquete feita pelo portal www.educacional.com.br com 11.846 alunos menores de 18 anos e matriculados em 96 escolas do País alertou que 41,89% começaram a beber ainda crianças, antes dos 11 anos.
Se a pesquisa do Cratod colocou luz na influência dos pais, a realizada pelo portal alerta sobre o outro pilar influente na dependência juvenil. Dos que responderam o questionário e afirmaram beber – quase seis em cada dez -, 52% disseram que deram o primeiro gole na companhia de amigos. Muitas vezes até de uniforme escolar.
Ao redor das escolas de São Paulo, por exemplo, não é raro encontrar menores de idade degustando copos e mais copos de cerveja, sem nenhum impedimento, apesar da legislação determinar desde 1988 a proibição da venda de produtos alcoólicos a menores de 18 anos.
Na pesquisa feita pelo site, coordenada por psicólogos, 90% dos participantes afirmaram que “é muito fácil conseguir bebida”.
A facilidade para comprar álcool não se reproduz no tratamento. Os especialistas ressaltam que os jovens estão entre os pacientes que mais contestam e rejeitam ajuda especializada. “A maioria não vem de forma espontânea, mesmo quando há sinais de prejuízo”, afirma a diretora do Cratod. “Na maioria, o encaminhamento é da escola, onde os problemas costumam aparecer.”
Outra característica do alcoolismo na adolescência é a presença maior de meninas. Números da Unifesp mostram que antes dos 18 elas já superam eles na dependência.
Fonte: Fernanda Aranda – O Estado de S. Paulo