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O padrão de uso de álcool é um indicador relevante sobre mortalidade, morbidade, injúria e prejuízo social decorrentes do comportamento de beber.
Dentro do padrão de uso, inúmeros estudos têm sugerido os prejuízos resultantes do “beber de risco”, porém, por se tratarem de estudos transversais, o estabelecimento de inferências e generalizações tem sido dificultado.
Em vista disso, o presente artigo investigou a existência de associações prospectivas entre o “beber de risco” e uma variedade de problemas, incluindo o desenvolvimento de transtornos associados ao uso de álcool, tabaco, drogas ilícitas e o desenvolvimento de danos sociais e condições médicas crônicas.
O estudo foi realizado em dois momentos (Etapa 1: 1ª entrevista; Etapa 2: 2ª entrevista) separados por um intervalo de 3 anos. Participaram 22.122 indivíduos, de idade superior a 18 anos e representantes da população norte-americana não-institucionalizada.
A principal variável medida foi a freqüência do “beber de risco” no ano imediatamente anterior à Etapa 1 (o “beber de risco” foi definido como o consumo de 5 ou mais doses alcoólicas/dia para homens e 4 ou mais doses alcoólicas/dia para mulheres).
No período entre ambas as etapas foram medidas as conseqüências desse consumo, em relação a: (a) abuso e dependência de álcool; (b) uso/abuso/dependência de nicotina e outras substâncias psicotrópicas; (c) transtornos do humor; (d) doenças crônicas (doenças gástricas, hepáticas e cardíacas) e, finalmente, (e) prejuízos sociais (divórcio/separação; negligência das atividades de escola/trabalho; comportamento violento; suspensão da carteira de habilitação, entre outros).
Dos entrevistados, 40,1% engajaram no comportamento de “beber de risco”, dos quais 5,8% o fizeram na freqüência de 3-4 vezes/semana, quase diariamente ou diariamente. Ser homem, jovem e solteiro foi o provável perfil do bebedor de risco. Em relação ao padrão de uso de risco, quanto maior sua freqüência, maior a quantidade de etanol consumida. Além disso, conforme os autores, o aumento da freqüência desse comportamento está associado ao risco prospectivo de desenvolver uma série de danos, a citar: (a) abuso/dependência a álcool; (b) usar, abusar e desenvolver dependência à nicotina; (c) usar/abusar e desenvolver dependência de drogas ilícitas; (d) ter cirrose ou outras doenças hepáticas e (e) sofrer prejuízos psicossociais (divórcio/separação; comportamentos violentos; abuso do cônjuge; suspensão da licença de dirigir; negligência de atividades escolares e de trabalho).
Em contraposição, a freqüência do “beber de risco” não se associou ao desenvolvimento prospectivo de transtornos ansiosos, de humor e condições médicas crônicas que não fossem hepáticas (ex.: arteriosclerose; hipertensão; doenças coronarianas; doenças gástricas; artrite).
Assim, conforme os autores, a freqüência do “beber de risco” é um claro marcador de alcoolismo, além de estar associado a uma série de prejuízos tais achados são relevantes para o desenvolvimento de programas e mensagens de prevenção.
Embora os resultados sejam relevantes, algumas limitações devem ser consideradas, entre elas, a plena confiança no auto-relato do respondente e um período de tempo relativamente curto para a medida de condições médicas crônicas.
Fonte: Cisa