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Marcos Santos, de 16 anos, experimentou cerveja pela primeira vez aos 11, numa festa. Ele lembra que não gostou do sabor, mas começou a consumir a bebida sempre que saía com os amigos.
Com o tempo, passou a usar outras bebidas, como tequila. Quando se deu conta, já estava bebendo álcool com mais freqüência do que gostaria. E, quando seus pais viajavam, convidava os amigos e não hesitava em abrir garrafas do bar.
Há seis meses, bebeu tanto no aniversário de uma amiga que desmaiou no banheiro e saiu carregado para o pronto-socorro. Foi quando seus pais perceberam que precisava de ajuda.
– Ele começou a beber por influência dos amigos e perdeu o controle da situação – conta Márcia, mãe de Marcos.
A história de Marcos é não um fato isolado.
Pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) com 15.503 estudantes do Primeiro e Segundo graus, em dez capitais, mostra que o álcool é a droga preferida entre esses jovens, com discreto predomínio do sexo masculino.
E o início é precoce.
Cerca de 50% dos alunos entre 10 e 12 anos já consumiram bebidas alcoólicas.
Outro dado preocupante é que 28,6% beberam pela primeira vez em casa e, em 21,8% dos casos, as bebidas foram oferecidas pelos pais.
Os amigos também influenciam. O estudo do Cebrid revelou que 23,81% dos estudantes beberam pela primeira vez devido às pressões do grupo de amigos e 28,9% já usaram álcool até se embriagar.
Segundo médicos e psicólogos, o alcoolismo entre os jovens está se tornando incontrolável. De acordo com o questionário do Cebrid, 11% dos estudantes brigaram após beber e 19,5% faltaram à escola.
O psiquiatra e psicoterapeuta Mario Biscaia, especialista em dependência química, tem uma pesquisa recente sobre o alcoolismo entre os jovens e está preocupado.
– O uso do álcool entre os jovens aumenta o número de acidentes, prejudica o rendimento na escola e contribui para o início precoce do alcoolismo, que pode estar associado a outras drogas – diz Biscaia.
Numa pesquisa com 170 adolescentes atendidos na Casa do Lins (um centro especializado em usuários abusivos de drogas), a equipe constatou que 7% dos adolescentes usavam álcool associado à maconha e à cocaína.
Fonte: O Globo