Uso de cocaína eleva riscos de infarto

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O uso freqüente e crônico de cocaína eleva o risco de casos de infarto agudo do miocárdio – o famoso ataque cardíaco.

O alerta vem do cardiologista Carlos Antônio da Mota Silveira, que participou do IV Simpósio Científico Nacional, promovido pelo Hospital Santa Joana, no Recife.

Segundo o especialista, a condição aumenta a chance de um ataque do coração, mesmo anos depois de o usuário ter parado de utilizar a droga.

“O risco para os usuários é diretamente proporcional ao tempo e intensidade do uso. A droga propicia a proliferação da arteriosclerose – espessamento e endurecimento da parede arterial – e do espasmo coronário – quando as artérias coronárias estreitam-se rapidamente a tal ponto que muito pouco ou nenhum sangue consegue fluir através delas -,” explica o médico, que é chefe da cardiologia do Santa Joana.

A probabilidade de desenvolver um aneurisma – dilatação anormal e frágil da parede de uma artéria – é quatro vezes mais alta entre os usuários a partir de 40 anos do que dos não usuários da mesma faixa etária. Estudos mostraram que agudamente a cocaína aumenta a constrição coronariana, a demanda de oxigênio pelo miocárdio, a agregação plaquetária e a formação de trombos.

Portanto, a droga pode levar ao infarto mesmo para quem não tem problemas cardíacos prévios. Já o uso crônico pode acarretar na hipertrofia ventricular esquerda, arteriosclerose, além da isquemia – falta de suprimento sangüíneo para um tecido orgânico -, diz o cardiologista.

No Brasil não existem estatísticas sobre o problema. “Mas o crescente aumento do número de eventos antes dos 40 anos, período da vida em que esse tipo de ocorrência, excluídos fatores convencionais, hereditários e traumas, é rara, tem sinalizado essa nova realidade”, observou o especialista.

Carlos Antônio disse que durante a consulta os médicos precisam perguntar aos pacientes se eles são usuários de cocaína. “Dessa forma, eles poderão definir o grau de risco para um ataque cardíaco”, enfatiza.

Segundo o médico, é fundamental repetir o eletrocardiograma três vezes, pois o primeiro exame pode não apresentar nenhuma alteração, mesmo quando a pessoa já está em processo de infarto. Nos Estados Unidos, 25% das anginas – dor no peito devida ao baixo abastecimento de oxigênio ao músculo cardíaco – em jovens estão associadas ao uso da cocaína. Desses, 6% enfartam.

Não se sabe quanta cocaína é necessária para produzir aneurismas, mas a freqüência do uso está claramente ligada ao desenvolvimento do problema.

O infarto do miocárdio foi notado como estando associado ao uso de cocaína pela primeira vez em 1982, nos EUA.

Fonte: DIÁRIO DE PERNAMBUCO-PE

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