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Astros que consomem uísque, vinho ou cerveja em um filme são uma força invisível, mas potente no incentivo ao consumo de álcool por jovens, sugeriu um estudo feito nos Estados Unidos. Grande exposição a cenas com consumo de álcool em filmes gera uma probabilidade maior dos adolescentes consumirem álcool do que pais que bebem ou permitem fácil acesso à bebida em casa, afirma.
Sem precedentes em seu alcance, a pesquisa foi feita por meio de ligações confidenciais com mais de 6,5 mil americanos escolhidos aleatoriamente com idade entre 10 e 14 anos, que foram então entrevistados mais três vezes ao longo dos dois anos seguintes.
Os adolescentes foram perguntados sobre que grandes filmes haviam assistido com cenas envolvendo álcool ou propagandas de bebidas, e também sobre sua personalidade, escola e vida familiar.
Uma lista com 50 filmes foi usada na entrevista a partir de uma escolha aleatória entre 500 sucessos recentes de bilheteria e mais outros 32 filmes que tinham arrecadado pelo menos 15 milhões quando o primeiro levantamento foi realizado.
Os pesquisadores avaliaram a exposição do álcool em filmes, baseado no consumo ou aquisição, real ou implícito, da personagem.
Eles descobriram que os jovens ficaram, em média, expostos por quatro horas e meia. Muitos viram um total de mais de oito horas.
Durante os dois anos de duração do estudo, a porcentagem dos que passaram a consumir álcool cresceu de 11% para 25%. A proporção dos que começaram a beber excessivamente, definido como cinco ou mais drinks consecutivos, subiu de 4% para 13%.
Dentre os 20 maiores fatores de risco para essas atividades, o principal era o consumo de álcool entre os colegas.
Mas a grande exposição ao álcool em filmes foi o terceiro maior incentivador da ação, e quarto maior em relação a estimular o consumo excessivo.
Era um risco ainda maior do que ter pais ausentes ou pais que bebem, ter muito dinheiro em mãos, ou ainda ter álcool disponível em casa.
“Exposição a álcool no cinema foi responsável por 28% do início do consumo de álcool e 20% da transição para o seu uso constante.”, afirma o estudo.
Após reunir os fatores que foram levados em consideração, adolescentes que assistiram a mais filmes contendo álcool estavam duas vezes mais predispostos a começar a beber do que aqueles que viram menos. Eles também estavam 63% mais predispostos a avançar para o seu consumo excessivo.
Por que isso ocorre?
“No cinema, o álcool é tipicamente associado a situações positivas, sem efeitos negativos, e frequentemente são exibidas as marcas das bebidas, o que promove nos jovens tanto a identificação quanto a lealdade à marca”, demonstrou o estudo.
“Aquisição de uma mercadoria com propaganda de álcool, como uma peça de roupa com uma marca de bebida sobre ela, pode favorecer o processo”.
A análise foi publicada em um jornal online, o BMJ Open.
Seus autores, liderados por James Sargent, um professor da Faculdade de Medicina de Dartmouth, em New Hampshire, diz que é o momento de considerar a possibilidade de restrições.
No total, 61% dos filmes de Hollywood exibem o produto de alguma forma. Os produtores não podem usar tabaco. No entanto, não há nenhuma restrição para o uso de álcool.
Vigilantes da saúde devem se alarmar, e não apenas nos Estados Unidos, alertam os pesquisadores.
Mais da metade da receita de Hollywood vem da distribuição para outros países, sobretudo na Europa, Japão, Canadá, Austrália, Brasil e Coreia do Sul.
“Como um resfriado, as imagens nos filmes de Hollywood começam em uma região e se espalham ao redor do mundo, onde podem incentivar comportamentos ligados à bebida em todos os lugares que são distribuídos”.
Fonte: UOL