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A forma como os constantes tropeços de Adriano têm sido tratados é errada e não ajuda em sua recuperação, avalia o psiquiatra e presidente da Abrad (Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas), Jorge Jaber. O alcoolismo, mal que faz o Imperador se sentir “outra pessoa”, é uma doença e deve ser tratada com tal, de acordo com o especialista.
Adriano já assumiu que gosta de tomar cerveja e que quase sempre não fica apenas em um copo. Os clubes onde ele passou também reportaram alguns problemas do tipo, além de informações veiculadas na imprensa nacional e internacional darem conta de festas regadas a muito álcool.
As faltas aos treinos, os sumiços repentinos têm sido perdoados pelos clubes pelos quais Adriano passou e encobertos pelas pessoas que o cercam. Um erro. O consumo de álcool, que o faz se sentir outra pessoa, como ele próprio descreveu ao jornal Extra, faz dele um homem que não cumpre com seus compromissos e que sofre repentinamente quando “torna a si”, esse é um sintoma claro de que o jogador é dependente da bebida.
Esse “outro Adriano” não é uma escolha do próprio jogador, mas a constatação de que o ele está doente e que precisa ser tratado, assim como alguém que sofre de um problema “no miocárdio”, diz Jaber.
O problema, avalia o especialista, é que as pessoas tendem a “passar a mão na cabeça” de quem sofre com o alcoolismo, o que acaba prejudicando o tratamento.
— A população está despreparada para essa doença e erra quando pensa assim: “Vamos dar uma oportunidade, ele vai voltar”. Isso no trabalho, na família… Eles ouvem “eu juro que não vou beber mais” e acreditam baseados em uma premissa moral, em um juramento.
O alcoolismo, problema que atinge pelo menos 10% das pessoas que consomem bebidas alcoólicas, segundo Jaber, afeta a capacidade da pessoa valorizar e cumprir com suas obrigações, como se alimentar, fazer a higiene pessoal e trabalhar. Às vezes até por ter que lidar com as complicações do uso abusivo da substância.
Quando isso começa a acontecer, a reação dos familiares e até empregadores é encobrir as falhas, situação que influencia a pessoa a evitar um tratamento para pôr fim ao problema, tratando o problema como algo comum.
— Às vezes a família liga para o trabalho e diz que ele tá doente, que comeu uma “azeitoninha” e não consegue trabalhar… Vão facilitando [a vida da pessoa doente], com medo de que a doença seja desmascarada e ela perca o emprego.
Desde que voltou ao Flamengo, após estourar sua cota de faltas no Corinthians e ter seu contrato rompido, Adriano já faltou três vezes. Na última, desapareceu por três dias “para pensar”.
Ao retornar, foi perdoado pelo clube, ganhou uma última chance de provar que pode voltar a jogar, mesmo sem ter apresentado uma justificativa sem contradições.
Sem atuar desde março, quando jogou 68 minutos ainda pelo Corinthians, o Imperador não tem data para estrear no Flamengo. Para garantir uma recuperação completa, o clube ofereceu acompanhamento ao jogador, a fim de evitar que o novo Adriano volte a se manifestar e acabe com as chances dele no futebol.
Prevenção
Adriano não é o primeiro e nem o único atleta que tem ou teve problemas com o vício. Para evitar que novos casos apareçam, Jorge Jaber aconselha aos clubes que orientem os jogadores ainda nas categorias de base sobre o risco do envolvimento com drogas.
— Basicamente, na formação do atleta, nas categorias de base, deve haver um trabalho de promoção da saúde, de prevenção ao consumo de drogas. Ele tem que ter o domínio completo da bola, mas também a mente preparada para leva-lo ao adoecimento. O alcoolismo é uma doença.
Fonte: Esportes R7