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Para a maioria dos pais, falar sobre o uso de álcool é uma tarefa complicada. Muitos não sabem como agir ao identificar sinais de consumo excessivo de álcool por seus filhos, e esta dificuldade torna-se ainda maior quando o problema com a bebida já está instalado. Para ajudar na abordagem do tema em família, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) elaborou uma série de orientações para auxiliar os pais na identificação do problema e também em sua resolução.
De acordo com o CISA, os principais sinais que podem estar relacionados ao consumo excessivo de álcool pelos jovens são: mudanças de humor ou irritabilidade, faltas na escola, notas baixas e ação disciplinar recente. Além disso, é importante ficar atento aos comportamentos de rebeldia contra regras da família, relutância em apresentar novos amigos aos pais, aparência descuidada, falta de envolvimento em atividade que sempre o interessava e baixa energia ou preguiça constante.
Vale ressaltar que, apesar destes comportamentos serem muitas vezes próprios da adolescência, é preciso observar se muitos deles acontecem ao mesmo tempo, em um curto espaço de tempo, e de curso progressivo. Ainda, existem outros indicadores que podem demonstrar um uso ainda mais crítico, como por exemplo: encontrar álcool no quarto ou na mochila do filho, sentir cheiro de bebida alcoólica proveniente da respiração, lapsos de memória, dificuldade de concentração, olhos vermelhos e falta de coordenação motora e/ou da fala arrastada.
Ao identificar alguns destes sinais, o CISA recomenda que a intervenção seja realizada o quanto antes, mas com o planejamento adequado. O diálogo entre pais e filhos deve ser estabelecido em ambiente tranquilo e sem pressa, com disponibilidade de tempo de ambos.
Pela experiência dos especialistas do CISA, um bom começo é perguntar ao filho o que ele pensa sobre o consumo de bebidas alcoólicas, ouvindo-o com atenção e sem interrompê-lo. Muitas vezes os adolescentes têm uma visão equivocada sobre o uso desta substância e a ajuda oferecida pelos pais pode combater alguns mitos. Para começar, informe que o álcool é uma substância que age diretamente em órgãos como o cérebro, coração e rins, diminuindo o tempo de reação e prejudicando a coordenação motora, a clareza de raciocínio e o julgamento, deste modo, afetando o corpo e a mente.
Além disso, é importante evitar táticas de intimidação. Os adolescentes sabem que muitas pessoas bebem sem maiores problemas, por isso é importante discutir as consequências do uso do álcool sem exagero. Para esclarecer esta questão, deixe-o ciente de que os efeitos são diferentes entre adultos e adolescentes, e é justamente por isso que o consumo não é recomendado para menores de 18 anos de idade.
Veja também: Adolescência: consumo de álcool e maconha é alto nesta faixa etária
Com o discurso sobre os efeitos do álcool e da inviabilidade do consumo na adolescência, uma boa estratégia é abordar sua autoestima, afirmando-lhes que são muito inteligentes e têm muitos projetos e possibilidades interessantes para que eles precisem se embriagar e de alguma forma fugir da realidade. O tom do diálogo deve ser de parceria entre as partes e não semelhante ao de uma palestra.
Reações agressivas por parte dos adolescentes são comuns e isso gera um desequilíbrio emocional na família, podendo comprometer a conversa. Procurar profissionais capacitados para auxiliar neste processo é de grande valia, assim como comunicar-se com outros pais que também estejam interessados em educar melhor seus filhos.
A abordagem não é uma tarefa simples, pois exige dos pais um grande empenho na busca de informações. Além disso, dependendo de como é o seu estilo de vida, é necessária uma mudança em seus hábitos para que possa dar o exemplo, assim como o desenvolvimento do autocontrole.
Indiscutivelmente, a melhor maneira de prevenir que o seu filho se envolva com o uso abusivo de álcool na maioridade é dando o exemplo. Atitudes simples, como não fazer o uso excessivo, não oferecer bebida a menores de idade e não passar a ideia de que você bebe como única opção de lazer ou relaxamento, podem ser úteis. Além disso, é muito importante estimular hábitos saudáveis no tempo livre, como atividades culturais e a prática de exercícios físicos.
Sobre o CISA
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA, organização não governamental criada em 2004 pelo psiquiatra e especialista em dependência química Dr. Arthur Guerra de Andrade, é, hoje, a maior fonte de informações no País sobre o binômio saúde e álcool. Por meio de seu website (www.cisa.org.br), a ONG disponibiliza um banco de dados baseado em publicações científicas reconhecidas no cenário nacional e internacional, em dados oficiais (governamentais) e na informação de qualidade publicada em jornais e revistas destinados ao público geral, estudantes, profissionais de saúde, pesquisadores e empresas sobre o álcool e suas relações com o corpo, a mente e a sociedade.
O CISA acredita na importância do rigor ético e na transparência de suas ações no que diz respeito à obtenção e divulgação de conhecimento atualizado e imparcial na área de saúde e álcool e prontifica-se a colaborar com políticas públicas que abordem o tema de forma eficaz. Também está comprometido com o avanço do conhecimento nessa área e encoraja a adoção de medidas para prevenir o uso nocivo de álcool e suas consequências, por meio de parcerias e elaboração de materiais educativos e de prevenção.