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O consumo moderado de álcool foi associado ao aumento em 45% do risco de mulheres terem TPM. No caso da ingestão alta, o risco subiu para 79%
Trabalho envolveu a análise de dados de 19 estudos de oito países, somando mais de 47 mil participantes. Foto: Stefano Rellandini/Reuters
Mulheres que sofrem com tensão pré-menstrual (TPM) devem ficar atentas à ingestão de álcool, alertam pesquisadores espanhóis em um estudo publicado na BMJ Open. Segundo pesquisa da Universidade de Santiago de Compostela, 11% dos casos de problema, também chamado de síndrome pré-menstrual, estão relacionados a exageros no consumo de bebidas alcoólicas.
A equipe conduziu uma meta-análise para chegar à conclusão. O trabalho envolveu a análise de dados de 19 estudos de oito países, somando mais de 47 mil participantes. “Verificamos praticamente todos os bancos de dados bibliográficos existentes de estudos médicos e também entramos em contato com autores pessoalmente. Alguns deles nos forneceram dados não publicados”, conta Bahi Takkouche, autora do artigo divulgado na revista científica.
Conforme a análise dos dados, o consumo moderado de álcool (o equivalente a uma taça de vinho ou um copo de chope) foi associado ao aumento em 45% do risco de mulheres terem TPM. No caso da ingestão alta (mais de uma taça de vinho ou de um copo de chope ou uma lata de cerveja), o risco subiu para 79%. Os pesquisadores sugerem que uma explicação plausível para esse fenômeno é que o consumo de álcool altera os níveis de hormônios sexuais esteroides e gonadotrofina durante o ciclo menstrual, o que desencaderia a síndrome. Há ainda a possibilidade de as mulheres recorrerem aos drinques para aliviar os sintomas da TPM.
“O grande número de estudos incluídos, assim como sua qualidade, apontam para uma associação entre o consumo de álcool e o risco aumentado de desenvolver síndrome pré-menstrual. Entretanto, ainda é cedo para estabelecer uma relação causal entre a ingestão de álcool e a TPM”, pondera Márcia Mendonça Carneiro, professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Prevalência alta
Apesar de o estudo não ter tido a intenção de definir uma relação de causa e efeito, os autores ressaltam a importância dos resultados. “Essas descobertas são importantes, uma vez que a prevalência mundial de álcool entre as mulheres não é negligenciável”, escreveram, em comunicado à imprensa. Globalmente, a proporção de mulheres que consomem álcool é estimada em cerca de 30%, com cerca de uma em cada 20 (6%) sendo considerada bebedora pesada.
Os impactos do problema têm proporções volumosas. O custo da TPM nos EUA é estimado em US$ 5.000 por caso a cada ano, com mulheres que provavelmente experimentarão 3.000 dias de sintomas incapacitantes durante a vida reprodutiva, segundo os autores. Carneiro aconselha que o problema pode ser amenizado com mudanças no estilo de vida, incluindo prática de atividades físicas e modificação na dieta, assim com a redução do consumo de álcool.
Em cerca de 45% dos casos, há um aumento do risco de uma mulher ser acometida por TPM em razão da ingestão moderada de álcool, equivalente a um copo de chope por dia
Já em 79% dos casos há um umento do risco de uma mulher ser acometida por TPM em razão da alta ingestão de álcool, equivalente a uma lata de cerveja por dia