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A demência se tornará um dos maiores desafios do próximo século, principalmente devido à enorme demanda que impõe aos serviços de saúde. Atualmente, observa-se que o risco de desenvolvimento de demência tem sido associado ao uso excessivo de álcool, possivelmente devido aos efeitos neurotóxicos dessa substância.
Em função da China ter despontado como importante centro de produção e uso de álcool, um estudo prospectivo foi desenvolvido para investigar a associação entre o uso de álcool e o desenvolvimento de demência no país, além de identificar a interferência de variáveis como faixa etária, gênero, nível de escolaridade e uso de tabaco sobre essa relação.
A presente pesquisa contou com a colaboração de 2632 participantes, de idade superior a 60 anos, selecionados aleatoriamente e acompanhados durante um período de 2 anos, do ano de 2001 a 2003.
Com fins diagnósticos, todos os participantes foram submetidos a testes neuropsicológicos, exame clínico e entrevista com familiar ou informante que pudesse declarar a respeito do funcionamento cognitivo do participante. Assim, entre os participantes, os casos positivos de demência puderam ser categorizados em 2 classes, ou seja, demência do tipo Alzheimer e do tipo vascular.
Durante a entrevista, os participantes também foram questionados a respeito do uso de bebidas alcoólicas, em termos do tipo (ex.: vinho, cerveja ou destilados), quantidade e freqüência de uso. Assim, foram divididos em 3 categorias de consumo, ou seja, não-uso, uso de leve a moderado e uso excessivo de álcool.
Quanto aos resultados, conforme os autores, na entrevista inicial, 41,2% dos participantes foram categorizados como não-usuários, 52,4% como de uso leve a moderado e 6,3% de uso excessivo de álcool. Entre os usuários de álcool, os destilados foram a bebida de escolha, seguidos pela cerveja e, finalmente, pelo vinho. Durante o acompanhamento do estudo, 121 casos de demência foram diagnosticados.
Corrigidas as contribuições dos fatores de confusão, em comparação a não-usuários, o beber moderado associou-se a um menor risco de desenvolvimento de demência, dentre os quais o sexo masculino apresentou níveis de incidência reduzidos.
Novamente em relação ao não-uso, o uso de leve a moderado de vinho e cerveja apresentaram, respectivamente, menor e maior risco ao desenvolvimento de demência. Porém, não houve outras diferenças de risco entre as demais categorias de uso de cerveja e tampouco surgiu para o uso de destilados.
Assim, conforme os autores, acredita-se que o uso de álcool, de leve a moderado, reduza o risco de incidência de demência. Talvez essa influência deva-se aos efeitos cardioprotetores associados ao uso de álcool, entre eles, a diminuição dos níveis séricos de lipídeos e lipoproteínas, diminuição da agregação plaquetária, do risco de oclusão arterial e, finalmente, do aumento do fluxo sanguíneo cerebral.
Porém, essa relação, embora existente, parece depender do tipo de bebida, necessitando de mais estudos para seu melhor esclarecimento.
Fonte: Cisa