Alcoolistas internados devido as doenças clínicas

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O alcoolismo está diretamente relacionado a diversos distúrbios físicos e psíquicos, além de ser um grande problema social.

Estudos clínicos evidenciam que o uso abusivo do álcool e a dependência causam prejuízos no desempenho profissional, familiar e social, o que muitas vezes acarreta desemprego, aposentadoria por invalidez, doenças no fígado, câncer e hipertensão.

Artigo publicado pela Revista de Psiquiatria Clínica comparou a motivação para mudança do comportamento de dependentes de álcool que buscaram hospitais gerais para o tratamento de doença clínica e pacientes alcoolistas que buscaram tratamento em unidades especializadas.

A população de estudo contou com 91 voluntários, do sexo masculino, com idade entre 20 e 65 anos que possuíam diagnóstico de dependência do álcool segundo a Classificação Internacional de Doenças – CID em sua versão 10.

Os sujeitos foram divididos em dois grupos: o grupo 1 com 42 pacientes com doença clínica associada à dependência do álcool e o grupo 2 com 49 dependentes do álcool internados em unidades especializadas para o tratamento da dependência química.

Os resultados evidenciaram que no grupo 1 os diagnósticos clínicos encontrados foram: 33,3% com cirrose, 28,6% com inflamação no pâncreas, 9,5% com hemorragia digestiva, 9,5% com hepatite alcoólica, 4,8% desnutridos, 4,8% com intoxicação alcoólica, 2,4% hipertensos, 2,4% com hepatomegalia (aumento do fígado), 2,4% com afecções pancreáticas e 2,4% com tumor hepático.

A média de idade era superior ao grupo 2 e que na sua maioria, só haviam buscado tratamento médico com o surgimento de um problema físico. Já o grupo 2 não apresentou doença clínica e buscou tratamento para dependência química mais cedo mostrando-se mais motivado.

Com relação à gravidade da dependência, constatou-se que, do total da amostra, 54,9% apresentaram dependência grave, 39,6% dependência moderada e 5,5% dependência leve.

A pesquisa concluiu que os pacientes internados em hospitais gerais apresentaram-se menos motivados para mudança do comportamento dependente do que os internados em unidades especializadas em dependência química, ressaltando a importância de trabalhar a motivação para mudança do comportamento em pacientes internados em hospitais gerais por complicações físicas.

Ressalta também a importância da capacitação dos profissionais da saúde em geral para que os mesmos não objetivem somente a complicação física, mas também a dependência química.

Os autores explicitam algumas limitações concernentes ao estudo, pela não uniformização da informação que o paciente do hospital geral tinha recebido do médico em relação ao seu problema e, principalmente, se o paciente tinha sido esclarecido que sua complicação clínica estava relacionada ao consumo de bebida alcoólica.

Sugerem que essas limitações provavelmente interferiram nos resultados, pela não associação, na maioria dos pacientes com doenças clínicas, da causa da doença ao consumo excessivo de álcool. O que pode estar relacionado ao não recebimento da informação adequada sobre o seu quadro clínico ou a não aceitação que o hábito de beber está diretamente ligado ao problema.

Texto resumido pelo OBID a partir do original publicado pela Revista de psiquiatria clínica, Rio de Janeiro, 33(4): 195-203, set, 2006. Editado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. ISSN 0101-6083

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832006000400005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Fonte:OBID

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