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Para especialistas da Clínica Viva, crack é um problema sério, mas a sociedade não pode se esquecer dos males do alcoolismo, que estão muito mais próximos e são mais graves do que conseguimos perceber.
Com crack em pauta, males do alcoolismo não podem ser esquecidos
Recentemente, o médico da Coordenadoria de Atenção às Drogas de São Paulo, Luiz Alberto Chaves de Oliveira, mais conhecido como Dr. Laco, tem feito uma campanha em que alerta para o maior problema em se tratando de drogas no Brasil: as chamadas drogas lícitas.
Enquanto o Crack motiva o investimento da ordem de 4 bilhões de reais, de acordo com o Plano Nacional de Enfrentamento ao Crack, investimento esse a ser feito por todas as esferas de governo, pouco se fala em política pública sobre álcool e tabaco, por exemplo. O debate sobre o assunto fica restrito aos estudiosos e pesquisadores de universidades, clínicas e comunidades terapêuticas. Afinal, nestes locais, apesar de os meios de comunicação terem também voltado para a demonização do crack, problemas com álcool são os que mais vitimam o ser humano: cerca de 2,5 milhões, segundo a Organização Mundial de Saúde, morrem todos os anos, em decorrência do abuso, da dependência, doenças relacionadas – cirrose hepática, entre elas -, bem como acidentes de trânsito.
De acordo com a psicóloga da Clínica Viva Ana Laura Parlato, “os pais não aceitam que o filho fume maconha, mas a bebida alcoólica é tida como algo normal”. Ela é diretora da Unidade de Internação para homens alcoolistas da Clínica Viva na cidade de Itu – SP. A Clínica Viva mantém, desta, uma unidade para mulheres – onde também são internadas pacientes dependentes de outras drogas -, além de quase 20 unidades ambulatoriais pelo Brasil, que também tratam o problema do alcoolismo.
O fato de gigantes organizações brasileiras e internacionais de bebidas serem alguns dos principais patrocinadores do esporte mundial, da música mundial, da TV no Brasil e pelo planeta afora, explica um pouco porque se dá mais ênfase à sensação causada pelo álcool que propriamente os riscos que eles representam.
O álcool, que começa na adolescência, é responsável por 50% da violência doméstica. Além disso, a bebida pode levar a problemas ainda mais sérios. Para a psicóloga da unidade da Clínica Viva em Votorantim, Sonia Breda, o álcool é o caminho natural para drogas tidas como mais pesadas.
“O álcool abre as portas para outras drogas, por exemplo, o adolescente consegue encontrá-lo de uma forma mais fácil e faz o consumo para se auto-afirmar, a partir daí o caminho para as drogas ilícitas está aberto”, disse a psicóloga.
Sônia afirma ainda que a procura pelo tratamento somente pela dependência do álcool é baixo, é difícil o consumidor entender que ele é dependente químico por causa da bebida, justamente por ser uma droga legalizada. As pessoas só procuram quando o consumo, antes considerado social, passa a ser constante e a levar problemas para si e para outros.
Para os profissionais da Clínica Viva, o correto é pais ficarem atentos ao padrão de consumo dos filhos logo mesmo antes de apresentarem, em seu conceito, sinais de que pode haver problemas. Conversas francas com certeza são úteis para se evitar o problema, no início. Mas, se o consumo do álcool já causa transtornos ao jovem e à sua família, o quanto antes procurar por ajuda especializada é melhor.
Por Fernando Moraes – Jornalista e Assessor de Imprensa da Clínica Viva
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Meu pai bebe a mais de 50 anos tar imposilver.