Tempo de leitura: menos de 1 minuto
Bebida estaria por trás de 2,3 milhões de fatalidades anuais, afirma OMS. Acidentes, violência doméstica e problemas cardiovasculares advêm do vício.
Pelo menos 2,3 milhões de pessoas morrem por ano no mundo todo devido a problemas relacionados ao consumo de álcool, o que totaliza 3,7% da mortalidade mundial, segundo um relatório elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A agência da ONU preparou o documento para debater hoje, na 60ª Assembléia Mundial da Saúde, em Genebra. No encontro, será discutida uma resolução que deve chamar a atenção da comunidade internacional para as dimensões do problema.
No relatório, a OMS afirma que “o consumo de álcool provoca grandes problemas de saúde pública”. O produto é a quinta causa de morte prematura e de incapacidade no mundo todo e provoca 4,4% das doenças em todo o planeta.
Além disso, o álcool foi relacionado a 6,1% das mortes de homens ocorridas em todo o mundo , e de 1,1% entre as mulheres. Entre as mortes dos menores de 60 anos, a porcentagem atribuível à ingestão de álcool sobe para 5% (7,5% entre os homens e 1,7% entre as mulheres).
Os efeitos fatais do consumo de álcool são maiores entre os mais jovens de ambos os sexos, especialmente devido a acidentes com morte.
Por regiões, os mais afetados por mortes resultantes da ingestão de álcool são os homens da Europa (10,8% das mortes), da América (8,7%) e da Oceania (8,5%). Os que sofrem menos conseqüências são os do Mediterrâneo Oriental (0,9%), da África (3,4%) e do Sudeste Asiático (3,7%).
Entre as mulheres, a Europa e a América lideram os casos de morte (1,7% em ambos os casos), seguidos da Oceania (1,5%), da África (1%), do Sudeste Asiático (0,4%) e do Mediterrâneo Oriental (0,2%).
Em geral, o consumo de álcool é a terceira maior causa de doenças nos países desenvolvidos, e a primeira entre os homens nos países em desenvolvimento com taxas de mortalidade baixas.
Por tipos de patologias, o efeito nocivo do álcool se relaciona com os transtornos neuropsiquiátricos (entre eles, o alcoolismo), que somam 34,3% das doenças e mortes ligadas a esse hábito.
Além desses problemas, o álcool está estritamente ligado a acidentes de trânsito, queimaduras, afogamentos e quedas (25,5%), além de se relacionar ao suicídio (11%), à cirrose hepática (10,2%), às doenças cardiovasculares (9,8%) e ao câncer (9%). Se apenas as mortes forem consideradas, as três categorias principais ligadas ao álcool são os acidentes (25%), as doenças cardiovasculares (22%) e o câncer (20%).
“Embora existam indícios de que o consumo moderado de álcool pode reduzir a mortalidade geral e a relacionada a algumas doenças e a determinados grupos de idade, é difícil estabelecer um nível para o consumo seguro da bebida”, reconhece a OMS no relatório.
A agência defende, ainda, que, em muitas doenças (entre elas o câncer de mama), o risco aumenta em função da quantidade de álcool consumido.
O documento indica também que “o acúmulo de indícios sugere uma relação entre o consumo e as doenças infecciosas, tais como a Aids e a tuberculose, embora essa relação ainda tenha de ser demonstrada e quantificada”.
A OMS calcula que, o custo total relacionado ao consumo nocivo de álcool pode ter chegado a US$ 665 bilhões, o que equivaleria a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Entre conseqüências sociais citadas pela OMS estão a embriaguez em público, os maus-tratos infantis, a violência juvenil e entre marido e mulher.
A OMS alerta ainda que cada vez mais a produção e comércio de álcool são envolvidos pela globalização, o que implica novos desafios para combater o problema.