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É impossível falar sobre álcool sem lembrar os malefícios que ele pode causar para a saúde das pessoas, principalmente em relação ao desenvolvimento de certas doenças, como cirrose alcoólica, insuficiência hepática alcoólica e a hepatite alcoólica, todas ligadas ao consumo abusivo de bebidas. O etilismo também pode provocar o envelhecimento precoce, distúrbios cognitivos (sistema nervoso), diminuição da acuidade visual, lesões na boca, esofagite, gastrite, úlcera, hipertensão e polineurite periférica (agravo dos nervos nas pernas). E as estatísticas confirmam um dado alarmante: os jovens estão cada vez mais entre os consumidores de álcool.
Levantamento do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod) mostra que a idade média das pessoas que procuram por ajuda especializada para combater a dependência está entre 30 e 40 anos. No entanto, o início do consumo de bebida alcoólica se dá predominantemente entre os 12 e 18 anos. Outro estudo realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo na Casa do Adolescente de Pinheiros, zona oeste da capital paulista, aponta que 80% dos jovens entrevistados já experimentaram bebidas alcoólicas. Desses, 19% afirmaram consumir álcool mais de uma vez por semana. Já uma pesquisa do Instituto Ibope, feita a pedido do governo do estado, apontou que 18% dos adolescentes entre 12 e 17 anos bebem regularmente, e que quatro entre dez menores compram livremente bebidas alcoólicas no comércio.
Essas informações nos trazem um alerta, sobre como é importante conscientizar a população da perigosa relação entre os adolescentes e álcool. Esse comportamento pode acarretar sérios problemas de saúde na adolescência e, posteriormente, na vida adulta.
A ação devastadora produzida no corpo de um etilista está no fato do álcool ser uma molécula muito pequena, capaz de passar por todas as barreiras de proteção do organismo. Para agravar, o álcool também é uma substância irritante e o seu contato constante provoca lesões em diferentes órgãos do corpo humano. Entre os homens, o índice é ainda mais assustador: levantamento do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) apontou que 11% dos pacientes oncológicos atendidos na unidade assumem ter mantido durante a vida, ou ainda manter, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas.
Por isso é motivo de celebração a nova lei estadual que proíbe a venda e o consumo de álcool por adolescentes em bares e outros estabelecimentos no Estado de São Paulo. É preciso apertar o cerco contra o comércio ilegal de bebidas a menores de idade, que é crime, além de coibir o consumo pelos adolescentes. A lei antifumo deu certo, e parte de seus mecanismos agora serão aplicados nesta nova legislação. O objetivo é evitar o acesso de jovens a substâncias psicoativa que causam dependência. Tudo isso reforça a esperança de garantirmos uma vida mais saudável para a nossa população, tornando o jovem de hoje um adulto sem vícios e evitando, assim, doenças graves e até mesmo óbitos em decorrência do abuso de bebidas alcoólicas.
Marta Jezierski – Diretora do Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod), da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
Fonte: Jornal Diário Web