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Em capítulo recente da novela “Viver a vida” a personagem Renata (Bárbara Paz) descobre que seu alcoolismo pode ter sido influenciado por questões genéticas. Mas será que isso é possível na vida real? “Sim”, responde o psiquiatra Carlos Salgado, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead).
Na verdade, estima-se que 30% dos alcoólatras no país tenham herdado uma certa predisposição à doença.
“São vários os transtornos geneticamente determinados. Acontecem pequenas mutações (polimorfismos) que, em conjunto, levam ao alcoolismo”, explica o especialista.
Para agravar ainda mais a situação, as pessoas com tendência ao alcoolismo muitas vezes sofrem influência de importantes fatores ambientais. “O pai é alcoólatra e o filho, que acaba seguindo a imagem paterna, pode passar a beber também. Ele repete a conduta do pai”, comenta o psiquiatra.
Recentes estudos do Ministério da Saúde apontam para uma incidência do alcoolismo de aproximadamente 11% entre a população brasileira. Como alcoolismo, os especialistas esclarecem que se trata de uma doença com sintomas verificáveis clinicamente.
“Alta tolerância ao álcool, sintomas de abstinência, o álcool controla a vida da pessoa, a bebida é consumida em forma de ritual (sempre da mesma maneira), e a pessoa deixa de fazer coisas importantes para beber”, enumera a psicóloga Liana Pinsky, da unidade de pesquisa de álcool e outra drogas da Unifesp.
Doença começa a se manifestar em pessoas com 30 anos. Antes, ela surgia aos 40
A psicóloga explica que o alcoolismo evolui gradualmente. “A pessoa vai adquirindo o vício no decorrer da vida. Mas hoje, cada vez mais, temos alcoólatras jovens, com menos de 30 anos”.
O álcool, por ser uma droga lícita, muitas vezes é a porta de entrada para drogas pesadas. “O álcool e o tabaco”, diz Salgado.
Família deve ajudar na prevenção
As bebidas alcoólicas não só são aceitas socialmente, como também são incentivadas em muitas famílias. Essa cultura do álcool é um dos grandes desafios de quem combate o alcoolismo.
“0 problema é que a doença não surge do dia para a noite. São anos e anos aumentando o consumo das bebidas alcoólicas até se chegar ao quadro classificado como alcoolismo”, explica a psicóloga liana Pink, da unidade de pesquisa de álcool e outras drogas da Unifesp.
Quanto mais se postergar o primeiro contato do jovem com a bebida alcoólica, melhor. E ele deve ser instruído pelos pais para não exagerar. “Ele deve saber, por exemplo, que não pode beber e dirigir”, diz.