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O contato cada vez mais precoce com o álcool e o consumo excessivo estão mudando a realidade da juventude brasileira. É que alerta a presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), Ana Cecília Marques.
“Hoje temos jovens que já buscam tratamento contra a dependência de álcool aos 18 anos. Antes, isso só acontecia aos 40 anos. Mudou tudo no entorno do jovem: ele tem a pressão dos amigos para beber, o preço barato do produto, a publicidade, o acesso fácil, a lei que não é cumprida, a influência de familiares e a falta de orientação.”
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Além da influência de amigos e familiares, a publicidade é outro fator que estimula o consumo de bebidas entre jovens. Isso acontece porque muitas propagandas relacionam bebidas ao sucesso profissional, à beleza, à alegria, à juventude, ao encontro entre amigos, à praia e aos esportes, além de explorar a sexualidade. “Estudos mostram que a influência da publicidade de bebidas é muito maior no público jovem, que ainda não definiu os produtos de que mais gosta. O jovem experimenta bebidas na passagem da puberdade para a adolescência por curiosidade. E a propaganda ajuda a despertar essa curiosidade”, avalia Ana Cecília Marques, acrescentando que muitas crianças afirmam em pesquisas que vão consumir álcool no futuro.
Ana Cecília destaca que o risco de desenvolver dependência de álcool é bem maior entre pessoas de até 24 anos de idade, pois o cérebro ainda não está totalmente formado nessa fase. “No início, alguns jovens ficam mais relaxados e eufóricos com a bebida. Se esse efeito for bem registrado no cérebro, ele já aciona o momento da segunda dose. Então o jovem toma outra dose e aí o cérebro vai ter o efeito real da bebida, que é anestésico. O álcool é uma droga depressora do sistema nervoso central.”
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O álcool pode causar falta de coordenação motora, diminuição dos reflexos, confusão, aumento da confiança, lapsos de memória, vômito, instabilidade emocional e dificuldade para entender o que se passa ao redor. Por isso, muitos usuários se envolvem em situações perigosas, como dirigir alcoolizado, participar de brigas ou ser induzido a fazer sexo. Alguns entram em coma e morrem. O consumo frequente aumenta a tolerância, o que leva os usuários a beber cada vez mais.
A presença do álcool em confraternizações, propagandas e dentro dos lares leva muitas pessoas a acreditar que as bebidas não representam perigo à saúde. Por isso, um dos caminhos para evitar problemas está na informação. “Os pais devem ir atrás de novos conhecimentos para orientar seus filhos e falar sobre limites. Precisamos de uma política que envolva famílias, pediatras, escolas, universidades e o sistema de saúde. Se os pais ficarem afastados do assunto, o problema pode aparecer dentro de casa”, diz a médica Ana Cecília Marques.
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Com informações da Folha Universal