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Pelo menos um em cada dez transplantes de fígado é realizado em pacientes com cirrose decorrente do alcoolismo, segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, feito no Hospital de Transplantes do Estado Dr. Euryclides de Jesus Zerbini. Dados da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também apontam que esses casos representam entre 10% e 20% do total realizado pela instituição, que prevê 60 cirurgias desse tipo em 2011.
Adriano Miziara, coordenador de transplantes de fígado do Hospital São Paulo, diz que a porcentagem de pessoas que ficam doentes dessa forma não representa exatamente o número de transplantes realizados. Isso porque para “transplantar um paciente cirrótico decorrente do vício, ele precisa ter, no mínimo, seis meses de abstinência, e muitos não conseguem ficar esse tempo sem beber e chegam a falecer sem realizar a cirurgia”.
O período sem a bebida traz o benefício da “desinflamação” do fígado, segundo o coordenador médico do Transplante de Fígado do Hospital de Transplantes Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, Carlos Eduardo Sandoli Baía. “Isso, por si só, já traz duas informações: a real condição da doença hepática crônica e a avaliação do risco de recidiva do alcoolismo. A sugestão de não beber seria muito simplista. O paciente deveria, na verdade, se tratar”. Miziara explica que o alcoolismo pode ser a causa mais complicada de se prevenir, diferente da hepatite B, por exemplo, que é passível de profilaxia, pois tem vacina.
A cirrose alcoólica é a sétima indicação para transplantes em mulheres. Já para os homens, é a segunda causa e fica atrás apenas das hepatites virais. “O alcoolismo é uma doença que afeta vários sistemas, desde o acometimento de fígado e pâncreas até a causa base, que é a alteração psíquica que induz ao hábito de beber”, declara Baía. Junto com isso, segundo ele, existe o efeito da indução de tolerância no metabolismo, ou seja, para ter o mesmo efeito ‘psicotrópico’, são necessárias quantidades cada vez maiores de etanol.
O Cremesp está engajado no movimento Propaganda sem Bebida, liderado pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da EPM/Unifesp, para combater a divulgação de bebidas alcoólicas.
Lista de espera
O procedimento é complexo e a lista de espera para transplante de fígado privilegia os casos mais graves e de emergência, como hepatite fulminante e retransplante, quando o fígado não funciona. Baía explica que “o critério de gravidade considera os valores de três exames laboratoriais (creatinina, bilirrubina e INR), a partir do qual se calcula o índice do Model for End-stage Liver Disease” (MELD).
Esse parâmetro classifica os pacientes em lista de espera de acordo com a gravidade”. As atualizações dos resultados tornam a lista mais dinâmica. No Estado de São Paulo, que tem cerca de 1 mil pacientes aguardando, a posição pode mudar mais de uma vez por dia.
O modelo de tratamento adotado no Hospital Dr. Euryclides de Jesus Zerbini inclui o cuidado multiprofissional, apesar de atuar já numa fase avançada (lista de espera). Esse modelo é denominado “linha de cuidados do transplante de fígado”.
Antes de receber o novo órgão, o paciente precisa preparar-se para a mudança. “O período que o paciente passa na lista não é apenas uma espera e tratamento de intercorrências, mas a preparação para uma das operações abdominais mais complexas, que é a do transplante de fígado”, ressalta Baía.
Ele também alerta que o cuidado continua após o transplante, com apoio de equipe multidisciplinar. Para Miziara, é fundamental uma avaliação rigorosa para saber se o paciente tem condição psicológica de receber o novo órgão, já que precisará tomar medicamentos durante toda a vida.
Baía completa dizendo que a maior causa de transplantes em adultos é a cirrose pela hepatite C. “Juntamente com a B, são responsáveis por cerca de 50% de todos os transplantes realizados. As demais causas são hepatocarcinoma, doenças mais raras – como a cirrose biliar primária e colangite esclerosante – e hepatite autoimune”.
Fiscalização mais rigorosa
O governo de São Paulo anunciou, em 1º de agosto, que a fiscalização contra venda de bebidas alcoólicas para menores será mais rigorosa. O estabelecimento comercial que permitir que crianças e adolescentes consumam esses produtos em suas dependências, pagará multa de até R$ 87 mil e poderá ser interditado por período determinado ou fechado definitivamente. “Não há dúvidas de que essa medida pode impactar positivamente os números futuros”, opina Adriano Miziara, coordenador de transplantes de fígado do Hospital São Paulo.
Ele comenta que, no Brasil, fala-se muito em drogas, mas o álcool é o grande vilão de muitos problemas socioeconômicos do país, e “quanto mais precoce for o controle, melhor. É mais fácil que venha a existir uma vacina para o vírus C da hepatite do que evitar que as pessoas se viciem no álcool”.
Fonte: CREMESP – Edição 285
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Parabéns ao Governo de são Paulo, mas devemos tbm criar mecanismos para se cumprir as leis já existentes, realmente o alcool é o carro chefe das outras drogas,além de familia sou tbm profissional da área e no meu Estado e municipio encontro mta díficuldade de manter uma ONG na qual sou técnica, tdo e qualquer evento para arrecadar fundos quando fála-se do alcool como uma droga a mta resistencia, mas como sou BRASILE4IRA não desisto nunca, Abraços