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Maria Fernanda Ziegler – iG São Paulo
Jovens bebem em encontro na França: atividade em determinadas regiões cerebrais pode indicar predisposição ao consumo abusivo
A análise da atividade cerebral de adolescentes pode servir como uma forma de prever os riscos futuros de problemas com bebida alcoólica. Pesquisadores americanos observaram que existe relação entre o alcoolismo e a ativação das regiões parietal e frontal do cérebro, responsáveis por visão espacial, memória, organização e atenção. O estudo da Universidade da Califórnia apontou também para a possibilidade de haver algum fator de risco neurológico para o início do consumo alcoólico em adolescentes.
Para descobrir isto, pesquisadores analisaram, ao longo de três anos, imagens de ressonância magnética de 40 adolescentes entre 12 e 16 anos. Metade dos adolescentes que participaram do estudo começou a beber de modo considerável ao longo do estudo. Entende-se consumo considerável por quatro ou mais drinques em uma ocasião para as mulheres e cinco ou mais para os homens.
A análise mostrou que aqueles que inicialmente apresentaram menor ativação em certas áreas do cérebro estavam em maior risco de se tornar bebedores nos próximos três anos. “Adolescentes que apresentaram menor ativação cerebral para completar a tarefa de memória no início do estudo eram mais propensos a iniciar a beber nos três anos seguintes do nosso estudo”, disse ao iG Lindsay Squeglia, autora do estudo publicado no periódico científico Journal of Studies on Alcohol and Drug .
Outro problema
Uma vez que os adolescentes começaram a beber, a atividade cerebral deles se parecia com a de viciados em álcool e seus cérebros apresentavam mais atividade durante testes de memória do que os cérebros dos abstêmios para executar a mesma tarefa. Lindsay explica que ao longo da adolescência é esperado que o cérebro se torne mais eficiente ao processar informação. “A ativação cerebral dos que bebiam aumentou demais durante o período de acompanhamento, que é contrário ao que seria de esperar num processo normal de amadurecimento”, disse.
“Deve haver um fator de predisposição que contribui para que os adolescentes comecem a beber e que deve ser alvo de intervenções”, disse. No entanto a pesquisadora afirma que os resultados do estudo não devem servir de base para que adolescentes comecem a fazer exames de ressonância magnética para saber se correm risco de alcoolismo. Os exames apenas dariam pistas para as origens biológicas de problemas com bebidas na adolescência.