Alcoolismo, uma inconsciência nacional

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Principal causa de morte em jovens: acidentes de viação, provocados pelo álcool!

Principal causa de invalidez nos jovens: acidentes de viação, provocados pelo álcool!

Principal causa de homicídios: situações ligadas ao consumo de álcool!

Basta estar atento à comunicação social, por detrás dos “tiros e facadas”, quase sempre, estão situações ligadas ao consumo de álcool.

Os tribunais entupidos… com situações ligadas ao consumo de álcool.

As cadeias hiperlotadas… por situações ligadas ao consumo de álcool.

Centros de saúde e hospitais a abarrotar de consultas médicas, porque um alcoólico na família faz adoecer os restantes familiares.

Quantas famílias destruídas (desestruturadas, como agora se diz, magoa menos) por terem, no seu seio, um alcoólico?!…

Quantas centenas de milhares de bebedores excessivos, que mais tarde serão alcoólicos, sem se aperceberem?!…

O que é o alcoolismo?

Histórica e culturalmente, é encarado como um hábito social inofensivo, um prazer, um vício. Tudo muito engraçado, até nos rimos das piadas dos etilizados. No fundo, o alcoolismo é uma doença grave e crônica, que, como qualquer dependência, não tem cura, mas tem tratamento.

Acabemos com os mitos: o álcool não mata a sede, não aquece, não relaxa. O álcool deve ser bebido com moderação e, sobretudo, saboreado.

Será que tem havido sensibilidade dos diversos poderes para lidar com esta problemática?

Será que tem havido informação e formação dos técnicos de saúde e dos familiares para lidar com estas situações?

Será que os governos, pelos vistos, só agora preocupados com as finanças públicas, fizeram contas ao que este país ganharia se se preocupasse realmente com este flagelo e o enfrentasse? Em vez de se preocupar tardiamente com as suas consequências, por exemplo, os tribunais e cadeias entupidos.

Será que este país, como qualquer sociedade minimamente racional e inteligente, se tem preocupado com a prevenção e o tratamento, em vez de jogar dinheiro para cima dos seus efeitos? Será que tem havido suficiente investimento na sua prevenção, por exemplo, com a informação nas escolas?

 

Pessoalmente, não conheço nada mais eficaz para prevenir o alcoolismo do que a ocupação saudável dos tempos livres dos jovens e desporto, muito desporto!

Quanto este país ganharia, em vidas humanas, em bem-estar da população e finalmente em dinheiro (de todos nós), se se preocupasse com a essência da questão – combate ao alcoolismo?!…

Pistas: Qual seria o português que não concordaria com uma maior taxação fiscal sobre o álcool e, simultaneamente, com a diminuição da taxação no pão, no leite, em frutas e legumes?! Em qualquer estabelecimento, uma cerveja é tão cara como uma garrafa de água.

Qual seria o português que não concordaria que se investisse na investigação e formação dos técnicos de saúde nesta área?

Qual seria o português que não concordaria que se investisse na informação e na formação das famílias dos alcoólicos para aprenderem a lidar com esta situação? Porque o busílis do tratamento da doença parece tão fácil, mas não é: o alcoólico reconhecer a sua doença. Quando tal acontece, é meio tratamento.

No fundo, pedia só um bocadinho de mais consciência para esta inconsciência coletiva. Será pedir muito?

 

Francisco Amaral – Médico em Portugal

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