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As brasileiras estão bebendo mais. O alerta é o resultado de uma pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde. Divulgada no começo deste mês, o estudo aponta que o índice de consumo abusivo de álcool (mais de quatro doses) por pessoas do sexo feminino em 2008 é de 10,5%, contra 9,3% de 2007 e 8,1% de 2006. O problema é ainda mais grave quando se sabe que as mulheres tendem a desenvolver a dependência do álcool mais rapidamente que o homem.
“Não se sabe o porquê, mas o homem costuma demorar de dez a 15 anos para se tornar alcoólatra, enquanto a mulher pode ser tornar em quatro anos”, alerta a psiquiatra Analice Gigliotti, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead).
Outra desvantagem é que as mulheres também sentem mais o efeito das bebidas alcoólicas. “O organismo feminino têm uma menor quantidade de água, e mais tecido adiposo. Assim, há um aumento na concentração de álcool no organismo. Para elas, três copos de chope equivalem a quase cinco em um homem”, explica Analice.
Além disso, a ingestão de álcool durante a gravidez pode trazer prejuízos sérios para a criança. “A síndrome alcoólica fetal causa retardo mental no bebê devido ao álcool que passa pela placenta”, comenta Analice.
Uma doença sem cura
A ingestão excessiva de bebidas pode levar ao alcoolismo, uma doença sem cura. “Consumir grandes doses com frequência pode fazer com que o cérebro mude e se adapte à presença frequente do álcool. Essa adaptação é a doença”, afirma Analice.
O alcoolismo é diagnosticado quando a pessoa perde o controle, apresenta desejo compulsivo pela bebida e maior tolerância a ela, se sente mal quando não a ingere e passa a ter prejuízos em sua vida. Qualquer um pode se tornar alcoólatra, mas há um grupo mais vulnerável. “É o caso de depressivos, de quem tem vulnerabilidade hereditária, de pessoas muito tímidas ou de que tem família e vizinhança que incentive a isso.”
Os dependentes têm riscos maiores de desenvolver cirrose hepática, problemas no coração e neurológicos, perda de força nos membros e de memória e câncer de bexiga e laringe, por exemplo. Por isso, a patologia pode levar à morte.
“O tratamento ideal combina terapia para evitar os gatilhos que fazem a pessoa beber, medicação para diminuir a compulsão e a síndrome de abstinência, além de conversar com a família para que possa ajudar o paciente. O alcoólatra não pode beber de forma alguma.”
Fonte: Patricia Zwipp