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Pesquisa realizada durante sete anos com 10 mil motoristas em postos de gasolina em Salvador mostra que 36% deles se envolveram em acidentes de trânsito, e destes, 26% admitiram estar ingerindo bebidas alcoólicas ou ter bebido momentos antes do acidente.
Todos afirmaram que, apesar do acidente, iriam beber no dia que responderam a pesquisa. O perfil desses motoristas mostra que eles são homens, solteiros e na faixa dos 25 a 45 anos. Dos entrevistados, 68% disseram ser contra a venda de bebida em postos.
O estudo foi desenvolvido pelo professor de Ética Médica e Bioética da Universidade Federal da Bahia (UFB) e coordenador do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas, Antonio Nery Filho. “Do ponto de vista social, o álcool é a droga mais onerosa ao País. Pesquisas mostram que 85% das pessoas consomem álcool.
Quando você pergunta sobre maconha, o número cai para uns 10% e a cocaína, para menos de 5%. O efeito de tomar três caipirinhas é muito mais danoso para quem vai dirigir do que cheirar três carreiras de cocaína. O álcool compromete o juízo crítico”, afirma.
Nery Filho disse que a pesquisa surgiu de sua “extrema preocupação com o abuso do álcool, combinado com a direção”. Ele escolheu 18 postos de gasolina da capital baiana “porque são lugares em que os motoristas são obrigados a parar”.
Por sete anos, o pesquisador aplicou questionários rápidos que demonstrassem a quantidade de pessoas que já sofreram acidentes, além do número de pessoas que estavam bebendo antes de chegar ali ou estariam indo para algum bar. A última pergunta era sobre a proibição da venda de bebidas em postos de gasolina.
“Nós também distribuímos mais de 150 mil folhetos explicativos nesse período com informações e explicações sobre os mitos associados à cura da embriaguez. Café e banho, por exemplo, não adiantam nada. Se a pessoa estiver embriagada, vai ter que esperar de quatro a oito horas o efeito passar”.
A preocupação de Nery Filho é compartilhada pela secretária-adjunta da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte. “Todas as pesquisas de consumo que fazemos mostram que o grande problema é o álcool.
Cada vez mais os estudantes universitários estão bebendo de forma pesada e isso nos assusta. O abuso do álcool pode ter um impacto extremo tanto na saúde das pessoas quanto na segurança pública”, afirmou.
Fonte: Tribuna da Imprensa