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A despeito de o alcoolismo ser uma doença de difícil tratamento, há uma série de estudos científicos mostrando a remissão espontânea (sem tratamento) de seus sintomas. Essa remissão tanto se mostra pela abstinência como também pelo uso moderado de álcool.
Esse fenômeno de recuperação natural costuma vir associado com uma série de fatores que funcionam como motivadores, com destaque para problemas de saúde, com a lei, no trabalho e em casa assim como motivadores relacionados ao estilo de vida (casamento, nascimento de filho e entrada no mercado de trabalho).
A literatura científica especula que esse processo se dá pela adoção de papéis adultos, os quais estariam associados com a redução no uso de álcool.
Diante dessas limitações, os autores do estudo buscaram investigar o impacto de eventos transicionais na recuperação com abstinência e na recuperação sem abstinência (migração para uso moderado de álcool).
A amostra utilizada foi 4.422 pessoas com alcoolismo (segundo o DSM-IV) obtidas junto ao NESARC (estudo epidemiológico de grande abrangência sobre o uso de álcool nos EUA com adultos de 18 anos ou mais) no ano de 2001-2002.
Os autores identificaram diversas maneiras pelas quais os eventos transicionais se relacionaram com o abandono da dependência de álcool. Primeiramente, observou-se que aqueles os entrevistados com 3 anos ou mais de alcoolismo e que já haviam concluído a escola, já trabalhavam em período integral e já haviam se casado/separado apresentavam chances reduzidas de recuperação subseqüente dessa doença.
Notou-se também que a mudança no estado civil esteve relacionada com aumento nas chances de remissão da dependência de álcool. Vale salientar também que a paternidade/maternidade esteve associada com maior chance de remissão por abstinência do álcool, supostamente pelo fato de as mulheres no período de gestação optam por abandonar completamente o uso de álcool a fim de proteger o feto dos efeitos dessa substância.
Os autores especulam que essa abstinência persiste mesmo após o nascimento do filho.