Tempo de leitura: menos de 1 minuto
A liberdade de anunciar dada aos fabricantes de cerveja faz o brasileiro que não bebe sentir-se um ET e passa ao jovem a impressão de que feliz é quem bebe. As propagandas sempre mostram bebedores felizes e me lembra a antiga anedota: “Só olham as pingas que eu tomo, os tombos que levo ninguém vê”.
A imprensa tem grande dificuldade em se posicionar claramente contra o anuncio de bebidas alcoólicas pelo simples fato de que o setor anuncia muito e disto vive a imprensa em qualquer lugar do mundo.
Pesquisa da Unifesp divulgada pelo professor Ronaldo Laranjeira ao grupo Estado traça um perfil do consumo de álcool no Brasil e nos leva a ter motivos para comemorar e para se preocupar. A boa noticia é que, contrariando o senso comum incutido pelos belos e caros anúncios, 63% das mulheres não bebem e no total praticamente metade da população (48%) é abstemia. Na Europa o numero de pessoas que bebem é de impressionantes 90%!
A péssima noticia é que um em cada quatro brasileiros bebe além da conta. 24% dos brasileiros são alcoolistas, consomem 80% do álcool no país e são responsáveis pelo grande custo social como 8% de todas as mortes e mais de 50% das mortes no transito. E vale aqui ressaltar o papel da propaganda nesta tragédia.
Com a restrição às bebidas fortes e o maciço investimento da industria cervejeira em propaganda, nada menos que 70% de todo o consumo de bebidas alcoólicas no país é em forma de cerveja. Jogadores de futebol e belas mulheres são os astros preferênciais destas propagandas, formando um grande mito.
Jogadores de futebol alcoolistas acabam não rendendo o esperado e abreviam suas carreiras e a pesquisa mostrou que mulheres não bebem tanto como as agencias gostariam.
O ministério da saúde tem sido omisso no caso, muito embora a OMS (Organização mundial de saúde) esteja preparando uma campanha mundial semelhante à de combate ao tabaco.
A propaganda enganosa de um produto com forte apelo para a dependência é criminosa e o governo não pode fechar os olhos. Nisto fazemos coro ao Professor Laranjeira:
“Esperamos que o próximo governo ouça mais a OMS que os lobistas das cervejeiras.”
Fonte: Agência Estado / www.cidadaoquem.blog.br