Tempo de leitura: menos de 1 minuto
Pesquisadores do Instituto Capital de Pediatria da China publicaram nesta quinta-feira (19) um estudo no site Cell Metabolism sobre um tipo de bactéria que produz álcool dentro do nosso intestino.
A descoberta foi feita enquanto a equipe médica tratava de um paciente com Doença Hepática Gordurosa grave, uma condição em que muita gordura se acumula no órgão. O consumo excessivo de álcool é a principal causa de fígado gorduroso, mas muitas pessoas também desenvolvem Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA). O paciente em questão tinha a DHGNA denominada esteato-hepatite não alcóolica (EHNA) que inflamou seriamente seu fígado.Ao examinar mais profundamente o paciente, a equipe descobriu que o nível de álcool em seu sangue estava muito alto, além do ponto de intoxicação típica e potencialmente fatal. Como o homem nunca bebeu regularmente, os médicos concluíram que ele tinha uma condição rara chamada Síndrome da Autofermentação (ou Auto-brewery Syndrome, em inglês).
As vítimas dessa síndrome produzem grandes quantidades de álcool através da decomposição ou fermentação de alimentos ricos em amido. Não existem muitos casos documentados da doença, mas a principal teoria é de que o crescimento excessivo de certas leveduras (organismos que ajudam a fabricar cerveja e vinhos sua única causa.“Surpreendentemente, descobrimos que esse efeito era devido a bactérias e não a fungos, porque os tratamentos antifúngicos não tinham efeito sobre essa síndrome”, explicou o médico e principal autor da pesquisa, Jing Yuan. “Nesse caso, isolamos e identificamos algumas cepas de Klebsiella pneumoniae fortemente associadas à endoprodução de álcool”.
Para testar sua teoria, Yuan e sua equipe fizeram experiência com ratos. Eles colocaram amostras de K. pneumoniae (as cepas foram batizadas de HiAlc) diretamente no estômago de camundongos, que desenvolveram sua própria versão da DHGNA.
O mesmo aconteceu quando eles substituíram as bactérias intestinais naturais de camundongos não afetados por bactérias desses camundongos por meio de um transplante de microbiota fecal.
Mas o resultado foi diferente com outro grupo que não utilizou K. pneumoniae antes do transplante, o que atribuiu ainda mais a culpa a essas bactérias específicas.Depois, a equipe estudou pessoas que possuem DHGNA na China e descobriram que mais de 60% também portavam essas cepas exatas de K. pneumoniae. Ao analisar todos esses casos Yuan disse que é muito provável que essas bactérias se tornem um “agente causador da DHGNA em seres humanos”.
Há muita pesquisa a ser feita para entender essas bactérias e sua conexão com a saúde do fígado. Por isso, Yuan e sua equipe estão planejando um estudo maior que seguirá adultos e crianças para ajudar a entender por que algumas pessoas têm maior probabilidade de sofrer com essas cepas do que outras. Além de um teste para sabe se a eliminação dessas bactérias por meio de antibióticos pode ajudar algumas pessoas com DHGNA.
Felizmente, o paciente original que iniciou a pesquisa de Yuan se recuperou do pior de sua síndrome de autofermentação e a gravidade da sua doença do fígado gorduroso também diminuiu. A equipe credita essa recuperação a alterações na dieta do paciente e a tratamentos com antibióticos. Fonte: Gizmodo