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A literatura científica costuma apontar para a existência entre uma relação inversamente proporcional de preço e consumo de álcool. Ou seja, quanto mais cara a bebida alcoólica, menor será seu consumo.
Entretanto, grande parte dessas pesquisas peca pelo fato de abordar o álcool como um produto único e simples, ignorando sua realidade complexa e multifacetada. Sabidamente, há diferentes tipos de bebida (cerveja, vinho e destilados), assim como dentro de cada tipo de bebida há diferenças em termos de qualidade, com bebidas de alta, média e baixa qualidade.
Isso posto, um grupo de autores suecos buscou investigar, respeitando a complexidade da questão, a influência do preço sobre o consumo de álcool na Suécia entre os anos de 1984 e 1994. Há nesse país monopólio estatal na venda de todas as bebidas com mais de 3,50 GL.
A empresa estatal responsável por essa questão dita os preços das bebidas no comércio de varejo. Ademais, definiu-se a qualidade da bebida com base no preço relativo desse produto ao longo do tempo investigado (bebidas mais caras – qualidade superior, bebidas de preço médio – qualidade média, bebidas mais baratas – qualidade inferior).
Tendo como base esse banco de dados, os pesquisadores fizeram estimativas em termos de preço e consumo de álcool.
Os autores observaram que os preços das bebidas alcoólicas alteraram tanto o consumo total de álcool quanto fizeram substituições em termos de qualidade da bebida. Ou seja, constatou-se que os consumidores migraram de bebidas mais caras (e de melhor qualidade) para bebidas mais baratas (e de pior qualidade) com o aumento nos preços de álcool.
Ademais, notou-se também uma diminuição em termos de consumo total de álcool. Estimou-se que um aumento de 10% no preço de todas as bebidas acarretaria numa diminuição de 1,7% no consumo total de álcool (com 3,5% no consumo de destilados e 0,72% no consumo de vinho), ao passo que esse mesmo aumento nos preços das bebidas mais baratas com diminuição proporcional desse aumento a medida que melhora-se a qualidade da bebida (a categoria de bebidas de melhor qualidade ficaria livre de aumentos) acarretou diminuição de 4,12% no consumo total de álcool (com destaque para a diminuição de 6,27% no consumo de destilados).
Por fim, os autores sugerem ser de grande importância na taxação de bebidas alcoólicas o aumento proporcional de preços de acordo com a qualidade da bebida.
Ou seja, bebidas de pior qualidade tem seu preço mais aumentado e bebidas de melhor qualidade tem seu preço menos aumentado. Essa estratégia reduziria de forma mais eficaz o consumo total de álcool e evitaria a migração do consumo de bebidas de boa qualidade para qualidade inferior.
Fonte: Cisa