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Tudo começa com um drinque em festinhas. Depois é uma cervejinha para saudar os finais de semana, um uísque para relaxar após o expediente, um licor no início do dia…
Chega à hora em que ele não consegue mais parar de beber.
E você? Como deve agir quando descobre que tem um alcoólatra em casa?
O relacionamento de um casal está por um fio por causa de outra paixão.
Não, ela não arranjou um amante, nem ele se envolveu com uma colega de trabalho. O que há entre os dois é a sensação encontrada dentro de uma garrafa: o “pileque” causado pelo álcool que, se não for controlado, pode levar o homem a se tornar um alcoólatra.
O Dr. Arthur Guerra de Andrade, coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos do Álcool e outras Drogas, explica o que é alcoolismo: “Não sofre do mal quem toma uma bebida no final de semana.
O problema é quando a pessoa tem necessidade de estar sempre embriagada e depende de um drinque para tomar atitudes ou decisões. Quando isso acontece, significa que o indivíduo sofre de alcoolismo, uma doença que pode ser hereditária (passar de pai para filho) ou adquirida ao longo da vida, provocada por diversos fatores”.
“Parecia um castigo de Deus” O tormento de Terezinha, 53 anos, começou no sexto ano do casamento. O marido era garçom e, portanto, tinha contato direto com bebidas alcoólicas.
“Ele adorava uma bebida doce. Depois foi indo para os destilados, bebendo quantidades cada vez maiores e mais freqüentemente, até ficar dia e noite embriagado. Foram dez anos de sofrimento.
Meu marido se tornava agressivo depois que bebia. Ele estava prestes a perder o emprego e, por isso, passávamos por muitas dificuldades financeiras. Eu vivia deprimida, chorando e brigando com ele. Parecia um castigo de Deus. Percebendo o que estava acontecendo comigo, uma amiga me indicou o Al-Anon.
Meu esposo largou a bebida pouco tempo depois, quando quase morreu num acidente de carro. Felizmente, faz dezesseis anos que ele não coloca uma gota de álcool na boca.”
Hoje, Terezinha trabalha como palestrante no Al-Anon, uma irmandade internacional que dá apoio a parentes ou amigos de alcoólatras.
Conselhos de quem já passou pelo problema
Ver uma pessoa próxima chegar ao fundo do poço dá um tremendo aperto no coração. Mas, por mais difícil que seja, o parente do alcoólatra tem que dar a volta por cima e enfrentar o problema de frente. Se você está passando por esse período difícil, veja os conselhos de dona Terezinha: “Aprendi que a gente tem que respeitar o alcoólatra, em vez de recriminá-lo ou forçá-lo a parar de beber. Proibir não adianta porque ele vai tomar a sua dose escondido.
É preciso também dar apoio, mas sem super proteger, não ficar naquela de ‘ai, coitadinho’.
Desse jeito ele vai continuar de porre e se achando o ‘problema da família’. Saiba que o bêbado adora chamar a atenção e a gente não pode entrar nessa onda. O segredo é conversar na hora em que o alcoólatra estiver sóbrio e ignorá-lo quando estiver embriagado.
É claro que nós, que convivemos com essa situação, ficamos magoados. Mas temos que tocar nossas vidas, nossos projetos e não afundar na bebida com ele. Ter amor-próprio é, sem dúvida, a melhor receita”.
Os efeitos do álcool
Vários são os problemas desencadeados pelo excesso de bebida. Por causa dele, os parentes e amigos do doente ficam tensos e abatidos. Mas isso não é nada diante dos males que o alcoólatra está sujeito. “É importante alertar que o álcool consumido exageradamente pode ser fatal”, declara o Dr. Arthur Guerra de Andrade. Ele explica quais são as doenças causadas pela bebida:
Pancreatite uma inflamação o pâncreas. Causa dor de barriga, diarréia e, se não for tratada, a pessoa pode ficar diabética.
Esteatose acúmulo de gordura no fígado. Esse problema só é detectado através de exames.
Cirrose estágio mais avançado da esteatose. A gordura se transforma numa espécie de cicatriz no fígado e causa insuficiência hepática. O doente fica desnutrido, com barriga inchada, a pele adquire um tom amarelado e aparecem manchas roxas pelo corpo.
Sangramento no nariz e vômitos também são muito comuns. Infelizmente, a cirrose é irreversível e, dependendo do estágio, sua cura só ocorre através de um transplante de fígado.
Miocardite trata-se de uma arritmia cardíaca causada por uma inflamação no miocárdio, um músculo do coração. Por causa disso, o órgão passa a bater fora do ritmo. Isso pode causar tonturas e falta de ar.
Neuropatia periférica alteração dos nervos. Provoca a perda de tato e formigamento nas mãos e nos pés.
Demência alcoólica uma lesão no cérebro. Seus sintomas são perda da memória e alteração no comportamento. Dependendo do estágio, pode ser irreversível.
Fonte: Ana Carolina Soares / Saúde Total