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Há diversas pesquisas relacionando o padrão de consumo de álcool com riscos variáveis de mortalidade entre homens e mulheres.
É sabido, por exemplo, que os bebedores moderados apresentam menores taxas de risco de mortalidade quando comparados com os abstêmios que, por sua vez, apresentam menor risco de morte que os bebedores pesados.
Há, contudo, críticas a esse modelo.Especialistas afirmam que dentre os abstêmios há uma categoria de ex-bebedores que abandonou o consumo de álcool causando erro na interpretação dos dados, uma vez que estes indivíduos podem ter parado a ingestão de álcool por diversos problemas de saúde que aumentam a mortalidade..
Dois outros aspectos também pertinentes a esse universo e que permanecem incertos na literatura é a relação entre consumo de álcool/dias da semana e risco de morte e tipo de bebida ingerida/risco de morte.
Assim, um grupo de pesquisadores australianos acompanhou por aproximadamente 10,5 anos uma amostra de 36.984 pessoas residentes em Melbourne/Austrália a fim de avaliar o padrão de consumo de álcool, tipo de bebida consumida e risco de morte. A amostra foi dividida em “abstêmios” (menos de 12 doses em 1 ano), “ex-bebedores” (aqueles que no início do estudo não faziam uso de álcool, mas que não se encaixavam entre os “abstêmios”), “bebedores ocasionais”, 0,6-19 gramas de álcool/dia, 20-39 g / dia, 40-59 g / dia e > 60 g / dia. Uma dose de álcool tem de 8 a 13 gramas. Agrupou-se também o número de dias da semana em que houve consumo de álcool nas seguintes categorias: 1-3 dias, 4-6 dias e 7 dias. Avaliou-se também o estilo de vida dos entrevistados (tabagismo, atividade física, alimentação, nível de renda e dados sociodemográficos).
Os autores constataram que os bebedores leves apresentaram menor risco de morte do que os abstêmios, com a maior faixa de proteção para homens ficando em 76 (incluindo ex-bebedores) e 60 gramas (excluindo ex-bebedores) de álcool por dia e 42 (incluindo ex-bebedores) e 45 gramas (excluindo ex-bebedores) de álcool por dia para mulheres. Observou-se também que o consumo de vinho esteve associado com menor risco de morte ao passo que o consumo de cerveja esteve associado a um risco aumentado entre homens (mas não entre mulheres). Notou-se também uma relação inversa entre número de dias da semana em que houve uso de álcool e risco de morte. Ou seja, o uso de uma certa quantidade de álcool distribuído ao longo de 7 dias da semana remeteu a menor risco de morte do que aquele uso (mesma quantidade de álcool) distribuído em apenas 3 dias, por exemplo.
Fonte: Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA (www.cisa.org.br)