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Álcool em excesso é nocivo ao organismo. Aos poucos, vai degradando várias partes do corpo. Uma das principais vítimas é o fígado. Somente nesse órgão, o paciente pode sofrer com pelo menos três doenças sérias: cirrose, hepatite alcoólica e esteatose (gordura no fígado).
Mesmo com os riscos evidentes, o consumo continua alto, assim como o número de mortes provocadas pela degeneração da saúde. O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado brasileiro em óbitos ligados ao álcool.
O levantamento é do Ministério da Saúde, que levou em consideração os números de 2000 até 2006. Nesse período, 12.373 pessoas perderam a vida por causa do abuso de bebida. Desse total, a grande maioria, mais de 11 mil, é composta por homens. O Estado representa 8,5% das mortes do país, ficando atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais.
Para o secretário estadual de Saúde, Osmar Terra, a situação é consequência de um conjunto de fatores. Um deles é cultural – a colonização alemã e italiana, além da russa e da polonesa, instituiu a bebida como peça fundamental para a socialização.
– Além disso, não podemos esquecer que houve um arrefecimento nas campanhas publicitárias. Sem elas, o consumo tende a se manter alto – analisa
Terra cita ainda o descumprimento sistemático da lei que proíbe a venda de bebidas para menores de 18 anos. A boa notícia é que a secretaria verificou uma queda no total de internações. Em 2003, foram 6.183 casos. No registro mais recente, de 2005, o número caiu para 5.244.
Um dos desafios enfrentados no combate ao abuso de álcool é que a pessoa quase não sente os sintomas da agressão ao organismo. A cirrose, por exemplo, só é percebida nos estágios mais avançados – enquanto não chega lá, o paciente mantém o consumo alto de bebida. Sem sentir qualquer efeito, a sensação aparente é de que tudo está indo bem, de que o álcool não faz tão mal quanto se fala e que o hábito pode até ser benéfico.
– Depois de muitos anos, a pessoa descobre que está com alguma doença. Daí, a situação já está muito avançada, o que limita as alternativas de tratamento. Em alguns casos, pode até levar à morte – relata Cláudio Augusto Marroni, hepatologista da Santa Casa de Porto Alegre e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Na tentativa de evitar mais óbitos, a secretaria pretende triplicar, ainda em 2009, a quantidade de centros de atendimentos psicossociais voltados para pacientes com dependência de álcool e drogas. Por enquanto, são 20, que atendem, em média, 400 pessoas por ano. Nesses centros, o paciente recebe acompanhamento profissional durante o dia. Porém, não chega a haver internação, e a pessoa é liberada para passar a noite em casa.
Fonte: Aero Hora | Daniel Cardoso