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Recentemente foram divulgados dados sobre o consumo de álcool na população brasileira, em 2010, obtidos por estudo realizado pelo sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), do Ministério da Saúde.
Dentre os 54.339 adultos entrevistados, 18% relataram ter consumido álcool de forma abusiva, nos últimos 30 dias que antecederam a entrevista. Em relação aos dados coletados em 2006, houve aumento significativo de 2,4% na proporção de mulheres que admitiram ter bebido neste padrão (8,2% em 2006 e 10,6% em 2010).
Outro estudo, realizado com universitários entre 18 e 25 anos e divulgado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), sugeriu que, entre as mulheres, os indicadores de problemas relacionados ao consumo de bebida alcoólica estão mais fortemente associados à esfera afetiva (bebem para lidar com situações estressantes ou para aliviar sintomas depressivos), enquanto entre os homens estaria mais associado a motivações sociais (beber em festas ou na companhia de amigos, para ser aceito por amigos ou pelo grupo). Ambos os gêneros também bebem motivados pelos efeitos “eufóricos” do álcool.
As mulheres, no entanto, são mais vulneráveis aos efeitos da bebida alcoólica que os homens após consumirem a mesma quantidade desta substância, mesmo quando diferenças no peso corpóreo são levadas em conta. Isso ocorre porque o álcool se mistura facilmente com a água do corpo, e como as mulheres possuem proporcionalmente menos água do que os homens, o álcool se torna muito mais concentrado, tornando os efeitos mais agravantes entre as mulheres. Além disso, elas também apresentam menores níveis das enzimas aldeído desidrogenase e álcool desidrogenase, responsáveis pelo metabolismo do álcool – ou seja, o álcool permanece no corpo por mais tempo.
De acordo com a médica psiquiatra e coordenadora do CISA, Dra. Camila Magalhães Silveira, “estudos científicos apontam que, nas mulheres, o uso de álcool está associado ao desenvolvimento de câncer de mama, principalmente se associado ao uso de reposição hormonal na pós menopausa. Outros prejuízos decorrentes do consumo nocivo de bebida alcoólica por mulheres são: suscetibilidade de sofrer abusos sexuais, sexo desprotegido, violência, efeitos negativos sobre o casamento e o desenvolvimento dos filhos, entre outros”.
Outro fato preocupante é o uso de álcool durante a gestação. Em decorrência deste comportamento, tanto a saúde do feto como a da mãe podem sofrer efeitos negativos, uma vez que o álcool atravessa a placenta.
Entre as principais consequências, a mais grave e comum é a Síndrome Fetal Alcoólica (SFA), apontada como a maior causa evitável de retardo mental em crianças. “O uso de álcool durante a gravidez pode trazer inúmeros problemas para o bebê, incluindo hiperatividade, déficits de atenção, aprendizado e memória. Diversos fatores podem contribuir para o surgimento de problemas no feto: padrão de consumo de álcool, metabolismo materno, suscetibilidade genética, período da gestação em que o álcool foi consumido e vulnerabilidade das diferentes regiões cerebrais da criança”, conclui a especialista.
Fonte:Bonde