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Alcoolismo – A doença que muitos escondem é o livro que conta a história de um ex-alcoolista que hoje, segundo ele, realmente vive a vida.
Antonio Carlos Costa, autor do livro, tem 53 anos, natural da cidade do Rio de Janeiro onde vive até hoje, conta sua trajetória movida a álcool até um certo momento em uma entrevista exclusiva para o site Alcoolismo. Antônio já usou outras drogas como maconha, LSD, entre outras, mas conta que sua preferida sempre foi o álcool. Confira a entrevista na íntegra.
Alcoolismo – Com que idade começou a beber?
Antonio Carlos Costa – Entre 14 e 15 anos
Alcoolismo – O que o senhor perdeu ou deixou de conquistar durante esse período?
Antonio – Bebi demasiadamente até os meus 33 anos, mas não aceitava a condição de alcoólatra. Nesse período minha maior perda foi à dignidade, capotei dois carros e etc. Perda material foi pouco, realmente deixei de conquistar, por exemplo, uma vida mais feliz e muitas outras coisas
Alcoolismo – Ocorreram problemas com sua família e trabalho? Quais?
Antonio – Vários problemas. Eram normais as manipulações, mentiras, nunca tinha dinheiro para nada, apesar de ganhar um bom salário. No trabalho, pouco produzia, pois permanecia a maior parte do meu horário de trabalho nos bares. Só não fui demitido, pois sou funcionário público.
Alcoolismo – Quanto tempo o senhor levou para aceitar que estava doente?
Antonio – Depois que parei ainda fiquei uns dois anos me questionando, apesar de não beber. É, realmente, difícil de aceitar.
Alcoolismo – É para tratar a doença, como fez?
Antonio – Quando me conscientizei que era um alcoólatra a situação ficou mais fácil. Com muita força de vontade e perseverança.
Alcoolismo – E o livro? Quando decidiu escrever e por quê? Quanto tempo demorou para escrevê-lo?
Antonio – O Objetivo do livro é sinalizar as pessoas, principalmente os jovens que se encontram na garra do alcoolismo, que abandonar a bebida é para quem quer e não para quem precisa. Demorei cerca de oito meses para concluir o livro.
Alcoolismo – Fale um pouco mais sobre o livro…
Antonio – O livro retrata a minha vida e experiência no alcoolismo, como entrei e sai dessa desgraça e vários depoimentos de companheiros, de vários níveis sociais, que também abandonaram a bebida.
Alcoolismo – Existe um limite para se beber? Existe “beber socialmente”?
Antonio – Para o alcoólatra, bebedor problema, alcoolista etc, o limite é o desmaio e apagamentos; bem como, muitos bebem até a morte.
Alcoolismo – O nome do seu livro é Alcoolismo – A doença que muitos escondem, Porque muitos escondem o alcoolismo?
Antonio – Porque é uma doença que estigmatiza as suas vítimas. Ninguém quer ser chamado de bêbado, por exemplo.
Alcoolismo – O senhor tem filhos? Eles bebem? Dá ou deu algum tipo de conselho para eles?
Antonio – Sim. Tenho 2 filhos e, segundo eles, provaram e não gostaram. Pois o exemplo não é a melhor maneira de você transformar alguém, mas sim a única e, talvez, pelo meu exemplo não se entusiasmaram pela bebida. Eu não sou contra a bebida e a doença do alcoolismo não está na garrafa e sim dentro daquelas pessoas que ao ingerir uma só dose de bebida alcoólica, desperta uma compulsão sem limites.
Alcoolismo – Como o senhor vê as propagandas de bebidas no Brasil?
Antonio – Danosas à sociedade. Observe que nas propagandas só aparecem lindas mulheres, homens sarados e de sucesso, não aparece um negro, nem ninguém internado em clínicas psiquiátricas ou em hospitais, lembrando que mais de 60% dos leitos do setor de ortopedia dos hospitais, são ocupados por vítimas diretas ou indiretas do alcoolismo. Haja visto o grande número de acidentes em trabalho e veículos, praticados por pessoas embriagadas.
Alcoolismo – E o tratamento do alcoolismo. O que o senhor acha que deve ser feito?
Antonio – Muitos precisam de clínicas ou acompanhamento médico, tal o estado avançado da doença como delirium tremmes, subnutrição e outros problemas clínicos ou patológicos e outros apenas com grupos de mútua ajuda tipo Alcoólicos Anônimos ou igrejas, conseguem entender a sua doença e parar de beber.
Alcoolismo – Deixe um recado pra quem está começando ou para quem esconde a doença?
Antonio – Abandone enquanto é tempo e evite um trilhar de desgraças e decepções, beber não é sinônimo de viver a vida, e sim de desilusões e tristezas. Lembre-se que o mal do protegido é o protetor, assuma de verdade a sua doença, só assim o tratamento fica mais fácil.