Tempo de leitura: menos de 1 minuto
Mesmo que o paciente seja contrário à internação, que pode durar de cinco a 14 dias, a desintoxicação costuma ser completada. Em seguida, vem o período mais determinante: a pós-internação.
Segundo especialistas, são necessários pelo menos dois anos de acompanhamento até atingir a estabilidade do quadro. Porém, quando não há vontade do próprio paciente nessa etapa, a desintoxicação pode se tornar inócua.
– A efetividade é muito maior quando existe um desejo do paciente. Quando isso não ocorre, o ideal é fazer um trabalho junto à família para que, a partir dela, se produzam mudanças no comportamento e o usuário perceba a necessidade de tratamento e procure ajuda por livre vontade – acredita a psicóloga Loiva De Boni Santos.
Uma das estratégias é fazer com que os familiares aprendam a responsabilizar o alcoolista. Hábitos como a superproteção para ajudá-lo na recuperação de uma ressaca, por exemplo, devem ser abolidos.
– No caso de um jovem, os pais podem proibi-lo de dirigir o carro. Trata-se de uma forma de responsabilizá-lo pelas suas escolhas que poderá levá-lo a repensar a situação. Porém, é muito importante fazer isso com acompanhamento de profissionais especializados– exemplifica.
Loiva também ressalta que a doença se instala no núcleo familiar, portanto, toda a família precisa de ajuda.
Mas, afinal, quando alguém realmente deve ser internado contra a vontade? Para o psiquiatra Pedro Eugênio Ferreira, coordenador do Ambulatório de Dependências Químicas do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), somente em casos bem específicos: risco de suicídio ou de homicídio, de dano significativo ao patrimônio material ou moral. Também é indicado nos casos de psicose alcoólica ou risco de morte por causa da condição.
– Em cerca de 75% dos acidentes de trânsito com vítimas fatais e em 80% dos abusos sexuais cometidos por familiares, a motivação é a embriaguez. São casos dramáticos que comprovam que a internação involuntária ou compulsória é necessária e inadiável – diz o psiquiatra.
Fonte: Zero Hora